Dia dos Pais
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Uma das coisas que lembro da minha infância (a criança vê, sente, mas a mente só lembra a partir de uma certa “idade”), foi o dia que descobri que o homem que chamava de pai, não era meu pai. Ele teve a opção ser ou não o meu “pai” e fez a sua escolha. Respeito a sua decisão.
O primeiro presente (que fiz) serviu para “consolidar” a condição de órfã.
Era uma meia marrom... (minha cor preferida).
Fiz um cartão (com cartolina), desenhei algumas flores e escrevi: “Obrigada por você ser meu Pai”.
A meia estava dentro do cartão, selado e amarrado com uma fita de presente.
Quando entreguei para ele, não tive tempo de dizer “Feliz dia dos Pais”, antes de ver o cartão cair (rasgado em pedaços) aos meus pés.
Ele falou:
- Estava precisando de um lenço, você me dá um par de meias!
Essa foi a primeira e última vez que vivi um “Dia dos Pais”.
A falta é somente o vazio do que não se vive.
Melhor ser órfã de pai vivo, do que sofrer a perda de um bom pai.
Mesmo que isso nos impeça da conhecer o amor de pai.
Por isso, neste dia, agradeço a minha mãe que foi e ainda é (felizmente) a minha mãe, o meu pai.
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A partir do terceiro ano na escola, conheci a "chatice"
da obrigatoriedade de escrever sobre
"O Dia dos Pais”, "Férias", "Dia das Crianças", "Natal e Ano Novo".
Isso não foi tão ruim assim, pois que aprendi a "sonhar".
Isso não foi tão ruim assim, pois que aprendi a "sonhar".
Escrevia não o que eu vivia, mas o que gostaria de ter "vivido".
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