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"Só algumas pessoas escolhidas pela fatalidade do acaso provaram da liberdade esquiva e delicada da vida" "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar" "Clarice Lispector"

9.7.08

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Em uma entrevista foi solicitado à uma senhora de oitenta e cinco anos, que vivia nas montanhas do estado de Kentucky, que reexaminasse sua vida e dissesse o que tinha aprendido.
Com aquele inevitável travo nostálgico, que sempre acompanha declarações deste tipo, ela respondeu:


“Se eu pudesse viver tudo de novo, erraria mais da próxima vez. Relaxaria mais, faria mais bobagens, levaria menos coisas a sério... Comeria mais sorvetes e menos feijão. Talvez eu tivesse mais problemas verdadeiros e menos imaginários. Veja, fui uma pessoa que viveu com serenidade e sensatez hora após hora, dia após dia. Fui uma destas que nunca foram a lugar algum sem um termômetro, uma lanterna, uma capa de chuva e um pára-quedas. Se pudesse começar de novo, eu carregaria menos bagagem”.

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Num mundo em que todos são capazes de destacadas façanhas ou de alcançar sucesso, Deus nos deu a aptidão de encontrar a grandeza no dia-a-dia.

Um almoço tanto pode ser uma refeição rápida, tal qual a parada de um piloto de corrida em seu box, como pode ser a oportunidade de saborear o milagre da terra, as chuvas, as sementes e a imaginação humana que podem operar em nosso paladar.
Temos apenas que ser sábios o bastante para que possamos reconhecer o milagre, em vez de passar correndo por ele em busca de “alguma coisa importante”.

Podemos rir da moça adolescente deslumbrada com seu novo namorado. Ela acha que a coisa mais maravilhosa da história humana acaba de acontecer com ela, enquanto sabemos bem que apenas um fenômeno hormonal aconteceu, exatamente de acordo com a programação de suas glândulas, e que em seis meses ela estará se perguntando o que viu de especial naquela pessoa.
E, contudo, há alguma coisa emocionante em ser capaz de sentir felicidade ao receber uma carta (desde que não seja de cobrança*), um telefonema ou um sorriso.
Há, então, uma capacidade de encontrar a alegria nas coisas comuns que bem poderíamos invejar.

A vida boa, a vida verdadeiramente humana, não está baseada em alguns poucos grandes momentos, mas em muitos pequenos momentos.
Ela nos pede apenas que relaxamos nossa procura por tempo suficiente para que estes momentos se acumulem e passem a significar alguma coisa.



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Um dia, um homem perguntou à um homem de negócios:
- Toda vez que eu o vejo você está com pressa. Diga-me, por favor, para onde você corre sempre e tanto?

O homem de negócios respondeu:
- Corro atrás do sucesso e da realização. Corro atrás da recompensa pelo meu trabalho.

O outro replicou:
- Seria uma boa resposta se todas estas “bênçãos” estivessem à sua frente, tentando escapar-lhes. Se correr o suficiente, você poderá alcançá-las. Mas pode ser que as “bênçãos” estejam atrás de você, procurando por você, e que quanto mais correr, mais dificilmente elas o alcançarão.

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Do livro Quando tudo não é o bastante – Haroldo Kushner
(*) grifo meu, Psytasya


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photo courtesy Lady Oz creations by Angels Design

No amor, nem sempre são as faltas o que mais nos prejudica, mas sim a maneira como procedemos depois de as ter cometido. "Oví­dio"