Uma gota de chuva A mais, e o ventre grávido Estremeceu, da terra.
Através de antigos Sedimentos, rochas Ignoradas, ouro Carvão, ferro e mármore Um fio cristalino Distante milênios Partiu fragilmente Sequioso de espaço Em busca de luz.
Um rio nasceu. Vinícius de Moraes
Um rio jorra entre o porão e o sótão: leva dores e amores e nosso último riso há tanto tempo. Mas numa curva qualquer, porque de novo amamos, tudo pulsa e brilha de ousadia, sabendo que temos pela frente esse calor, esse rumor de águas na areia.
Passa no meio de nós, entre o sonho do sótão e o medo dos porões, o rio da vida: que me leve para ti ainda uma vez e muitas, que venhas até mim antes daquela curva com a audácia e o fervor que tínhamos perdido. Lya Luft
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