Psy

"Só algumas pessoas escolhidas pela fatalidade do acaso provaram da liberdade esquiva e delicada da vida" "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar" "Clarice Lispector"

14.3.07

O Eco e Narciso







Eco era uma bela ninfa, amante dos bosques e dos montes, onde se dedicava as distrações campestres.
Era favorita de Diana acompanhava-a em suas caçadas. Tinha um defeito, porém: falava demais e, em qualquer conversa ou discussão, queria sempre dizer a última palavra.
Certo dia Juno saiu à procura do marido, de quem desconfiava, com razão, que estivesse se divertindo entre as ninfas. Eco, com sua conversa, conseguiu entreter a deusa, até as ninfas fugirem. Percebendo isto, Juno a condenou com essas palavras:
-Só conservará o uso dessa língua com que me iludiste para uma coisa se que gosta tanto: responder. Continuarás a dizer a última palavra, mas não poderás falar em primeiro lugar.





A ninfa viu Narciso, um belo jovem, que perseguia a caça na montanha. Apaixonou-se por ele e seguiu-lhe os passos. Quando desejava dirigir-lhes a palavra, dizer-lhe frases gentis e conquistar-lhe o afeto! Isso estava fora do seu poder, contudo. Esperou, com impaciência, que ele falasse primeiro, a fim de que pudesse responder. Certo dia, o jovem, tendo se separado dos companheiros, gritou bem alto:
- Há alguém aqui?
- Aqui, respondeu eco.
Narciso olhou em torno e, não vendo ninguém, gritou:
- Vem!
- Vem, respondeu Eco.
- Por que foges de mim? - perguntou Narciso.
Eco respondeu com a mesma pergunta.
Vamos nos juntar - disse o jovem.
A donzela repetiu com todo o ardor, as mesmas palavras e correu para junto de Narciso, pronta a se lançar em seus braços.
-Afasta-te! Exclamou o jovem recuando. - Prefiro morrer e te deixar possuir-me.
- Possuir-me disse Eco.
Mas tudo foi em vão. Narciso fugiu e ela foi esconder sua vergonha no recesso dos bosques. Daquele dia em diante, passou a viver nas cavernas e entre os rochedos das montanhas. De pesar, seu corpo definhou, até que as carnes desapareceram inteiramente. Os ossos transformaram-se em rochedos e nada dela restou além da voz. E assim ela continua disposta a responder a quem que a chame e conserva o velho hábito de dizer a última palavra.



Texto extraído do livro "O Livro de Ouro da Mitologia"de Thomas Bulfinch,pag 120

Imagens: William Bouguereau





Ainda hoje, o Eco não tem vida própria.
Existe na ressonância dos outros.
Narciso, por não conhecer nada além do seu próprio “Eu”
se limita a adorar e “amar” o seu reflexo que,
por não refletir em mais nada, se finda
na busca solitária de se realizar.
MJ

2 Comments:

Blogger josef diz...

Un Blog muito belho! Yo no sé portugués pero tu blog es precioso! Saludos!

7:33 PM  
Blogger Maria José Silva diz...

Obrigada, Josef.
Eu tento fazer o melhor...
bom dia para você.

8:32 AM  

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No amor, nem sempre são as faltas o que mais nos prejudica, mas sim a maneira como procedemos depois de as ter cometido. "Oví­dio"