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"Só algumas pessoas escolhidas pela fatalidade do acaso provaram da liberdade esquiva e delicada da vida" "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar" "Clarice Lispector"

22.9.12

Superação...


A morte é também um começo.


  
 
 


Pergunta a Osho:
 
Eu tenho medo da morte, no entanto, ao mesmo tempo, ela exerce uma atração inexplicável sobre mim. O que isso significa?
A morte é o maior mistério da vida. A vida tem muitos mistérios, mas não existe nada que se compare à morte. A morte é o clímax, o crescendo. A pessoa tem medo dela porque ela ficará perdida, ela se dissolverá nela.
 
Ela tem medo da morte por causa do ego — o ego não pode sobreviver à morte. Ele ficará nesta margem quando você passar para a outra; ele não pode ir com você. E o ego é tudo o que você sabe sobre si mesmo, daí o medo, o grande medo: "Eu não existirei mais depois de morrer."
 
Mas existe uma grande atração também. O ego você perderá, mas não a sua realidade. Na verdade, a morte lhe revelará a sua verdadeira identidade; ela levará embora todas as máscaras e revelará a sua face original.
 
A morte tornará possível, pela primeira vez, que você encontre o seu âmago mais profundo, a sua subjetividade mais profunda assim como ela é, sem nenhuma camuflagem, sem nenhum fingimento, sem nenhuma personalidade falsa. Por isso é que todo mundo tem medo da morte e se sente atraído por ela.
 
Essa atração foi mal interpretada por Sigmund Freud, que achou que havia um desejo de morte no ser humano — ele o chamou de Thanatos. Ele dizia, "O homem tem dois instintos básicos, fundamentais; um é Eros — um desejo profundo de viver, de viver para sempre, um desejo pela imortalidade — e o outro é Thanatos, o desejo de morrer, de acabar com tudo".
 
Ele não entendeu o espírito da coisa, pois ele não era um místico; ele só conhecia uma face da morte — que ela é o fim da vida —, ele só sabia uma coisa: que a morte é o fim. Ele não se deu conta de que a morte é também um começo.
 
Todo fim é somente um começo, porque nada acaba totalmente. Nada pode jamais acabar. Tudo continua, só a forma muda. A sua forma morrerá, mas você também tem algo sem forma em você. O seu corpo não existirá mais, mas você tem algo aí dentro, dentro do seu corpo, que não faz parte do seu corpo.
 
A sua parte terrena voltará à terra, é pó sobre pó, mas você tem algo do céu em você, algo do além, que empreenderá uma nova jornada, uma nova peregrinação. A morte causa medo se você pensar no ego, e ela agrada você, atrai você, se você pensar no seu verdadeiro eu.
 
Então a pessoa sente uma vaga atração pela morte; se você ficar totalmente consciente dela, ela pode se tornar uma compreensão transformadora, pode se tornar uma força de mutação.
 
Procure entender tanto o medo quanto a atração. E não pense que eles sejam opostos — eles não se sobrepõem, eles não são opostos um do outro; eles não interferem um no outro. O medo está voltado para uma direção: o ego; e a atração está voltada para uma dimensão totalmente diferente: o eu destituído de ego.
 
E a atração é muito mais importante do que o medo. O praticante de meditação tem de superar o medo. Ele tem de se apaixonar pela morte, tem de convidar a morte — o praticante de meditação não tem de esperar por ela, ele tem de evocá-la, pois a morte é uma amiga para ele.
 
E o praticante de meditação morre antes do corpo. E essa é uma das mais belas experiências da vida: o corpo continua vivendo, externamente você continua vivendo como sempre, mas interiormente o ego não existe mais, o ego morreu.
 
Agora você está vivo e morto ao mesmo tempo. Você se tornou um ponto de encontro entre a vida e a morte; você contém agora os opostos polares e é grande a riqueza quando os dois opostos polares estão presentes.
 
E esses são grandes opostos polares, a vida e a morte. Se abarca ambos, você será capaz de abarcar Deus, pois Deus é ambos. Uma face de Deus é a vida, a outra face é a morte.
 
Isso é belo — não torne isso um problema.
 
Medite a respeito, faça disso uma meditação e você será imensamente beneficiado.



 
Osho, em "O Livro do Viver e do Morrer: Celebre a Vida e Também a Morte
 
 
 
 
 
 

 


 


Eu carrego seu coração comigo
 
(Eu o carrego no meu coração)
Eu nunca estou sem ele
(onde quer que eu vá, você vai;
e o que quer que eu faça, eu faço por você)
 
Eu não temo o destino (porque você é o meu destino)
Eu não quero o mundo por mais belo que seja
Porque você é meu mundo, minha verdade
 
e você é o que a lua sempre significou
o que o sol sempre cantou
 
Aqui está o segredo mais profundo que ninguém sabe
(aqui está a raiz da raiz, o broto do broto
e o céu do céu de uma árvore chamada vida;
que cresce mais alta do que a alma pode esperar
ou a mente pode esconder).
Este é o milagre que distancia as estrelas
 
Eu carrego seu coração
(carrego no meu coração)
 
 
E.E. Cummings

 


 


 





  
Deixa-me ser o que sou,
O que sempre fui,
Um rio que vai fluindo.
E o meu destino é seguir... seguir para o mar.
O mar onde tudo recomeça...
Onde tudo se refaz...
 
 
Mário Quintana
 
 






 

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No amor, nem sempre são as faltas o que mais nos prejudica, mas sim a maneira como procedemos depois de as ter cometido. "Oví­dio"