Um homem se põe à janela para ver os passantes; se eu estiver passando, posso dizer que ele ali está para ver-me? Não: pois ele não pensa em mim em particular. Mas aquele que ama uma pessoa por causa de sua beleza a ama? Não: pois a varíola, que matará a beleza sem matar a pessoa, fará com que ele não a ame mais. E se me amam por meu juízo, por minha memória, amam a mim? Não, pois posso perder essas qualidades sem me perder. Onde está, pois, esse eu, se não se encontra nem em meu corpo nem em minha alma? E como amar o corpo ou a alma se não por essas qualidades, que não são absolutamente o que faz o eu, já que elas são perecíveis? Pois amariam a substância da alma de uma pessoa abstratamente, e algumas qualidades que nela existissem? Não é possível e seria injusto. Portanto, nunca se ama a pessoa, mas somente qualidades. Que não se zombe mais, portanto, daqueles que se fazem homenagear por seus cargos e funções, pois só se ama alguém por qualidades de empréstimo. Pensamentos de Pascal (323)
O "Eu", que Pascal classifica como detestável porque se entrega ao egoísmo, não é objeto de amor defensável. Por que? Pelo fato de termos a tendência de nos "apegar" às particularidades, às qualidades "exteriores" dos que pretendemos amar: beleza, força, humor, inteligência, etc., que de início nos seduzem, mas, por serem perecíveis, um dia o amor acaba, dando lugar ao cansaço e ao tédio.
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3 Comments:
A Psytasya visitou o meu e vim aqui ao seu. Interessante. E tem graça que também postei este fragmento do Pascal no meu blog Un Traditore.
foi um prazer ter recebido o seu comentario, claro que pode sinta-se a vontade.
EU!!!
Ora aí está!
Também eu escrevi algo sobre o EU!!
EU...duas letras, uma vida, uma constante busca, uma constante inovação!
Esta sou EU!
Quem sou eu??
PROCURO!!
bjs
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