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"Só algumas pessoas escolhidas pela fatalidade do acaso provaram da liberdade esquiva e delicada da vida" "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar" "Clarice Lispector"

2.1.09


AUSTERIDADE E ARROGÂNCIA

- Se tens inclinação para a disciplina rígida e gostas de dispensar especial atenção às coisas mais insignificantes, executando todos os afazeres com extrema prontidão e eficiência, em horas sempre certas e locais apropriados, considera-te um homem de sorte.

Todavia não tentes levar aos outros, com desmedido entusiasmo e fagueiras esperanças, as convicções que te norteiam os atos, pois cada um cultiva um modo de ser.

- Se preferes agir com zelosa intransigência ao cumprir as obrigações do lar, considera-te no teu direito.

Entretanto, não violentes a liberdade Íntima dos familiares, dominando-os com a tua vontade vigorosa, pois eles também possuem uma cabeça para pensar.

- Se resolves as tuas dificuldades com um critério de absoluta retidão, considera-te um bem-aventurado.

Apesar disso, não condenes os que procedem de forma diversa, pois é sempre perigoso legislar sobre a vida alheia.

- Se estimas a mais estrita ordem nas atividades profissionais, como alguém suficientemente esclarecido sobre os benefícios resultantes da organização do trabalho, considera-te um felizardo.

Contudo, admitindo que ninguém é infalível, não exijas uma conduta drasticamente retilínea dos indivíduos que operam em teu derredor, sobretudo se eles estiverem sujeitos às tuas ordens; ao verberares erros de subordinados, fica ciente de que todo chefe prepotente é secretamente amaldiçoado.


Austeridade é uma coisa e arrogância é outra muito diferente. Ambas, porém, são parecidas, e às vezes se misturam em nossas atitudes bem intencionadas. Ainda que a consciência não te acuse de faltas e culpas, nunca sejas áspero no trato com os semelhantes, nem te sintas feliz no afã de censurar.

- Se não queres parecer pretensioso, arbitrário e soberbo, esconde a notável perfeição de que te julgas dotado, comportando-te com maior condescendência junto aos parentes, amigos, colegas e conhecidos em toda parte.

Não professando qualquer religião, e crendo apenas na matéria, recorda que desse ponto de vista não passas de um punhado de pó.

- Se, no entanto, admites a imortalidade da alma, lembra que, em nossa fatal prestação de contas depois da sepultura, não serão contabilizadas moedas reluzentes, e sim aquelas que tiverem o cunho da bondade.

Nazareno Tourinho




No amor, nem sempre são as faltas o que mais nos prejudica, mas sim a maneira como procedemos depois de as ter cometido. "Oví­dio"