Psy

"Só algumas pessoas escolhidas pela fatalidade do acaso provaram da liberdade esquiva e delicada da vida" "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar" "Clarice Lispector"

24.9.08

Rainer M. Rilke



Amor são duas solidões protegendo-se uma à outra.





Que farás tu, meu Deus, se eu perecer?
Que farás tu, meu Deus, se eu perecer?
Eu sou o teu vaso - e se me quebro?
Eu sou tua água - e se apodreço?

Sou tua roupa e teu trabalho
Comigo perdes tu o teu sentido.
Depois de mim não terás um lugar
Onde as palavras ardentes te saúdem.

Dos teus pés cansados cairão
As sandálias que sou.
Perderás tua ampla túnica.
Teu olhar que em minhas pálpebras,
Como num travesseiro,
Ardentemente recebo,
Virá me procurar por largo tempo
E se deitará, na hora do crepúsculo,
No duro chão de pedra.
Que farás tu, meu Deus?
O medo me domina.





Quero viver como se o meu tempo fosse ilimitado.
Quero me recolher, me retirar das ocupações efêmeras.
Mas ouço vozes, vozes benevolentes,
passos que se aproximam e minhas portas se abrem...





Como hei-de segurar a minha alma
para que não toque na tua?
Como hei-de elevá-la acima de ti,
até outras coisas?
Ah, como gostaria de levá-la
até um sítio perdido na escuridão
até um lugar estranho e silencioso
que não se agita, quando o teu coração treme.
Pois o que nos toca, a ti e a mim,
isso nos une, como um arco de violino
que de duas cordas solta uma só nota.
A que instrumento estamos atados?
E que violinista nos tem em suas mãos?
Oh, doce canção.





O destino gosta de inventar desenhos e figuras.
A sua dificuldade reside no que é complicado.
A própria vida, porém, tem a dificuldade da simplicidade.
No amor, sempre a amante ultrapassa o amado,
porque a vida é maior do que o destino.

A sua entrega quer ser sem medida:
esta é a sua felicidade.
A dor inominada do seu amor, foi sempre esta:
exigirem-lhe que limitasse essa entrega.




Imagens da Net.

No amor, nem sempre são as faltas o que mais nos prejudica, mas sim a maneira como procedemos depois de as ter cometido. "Oví­dio"