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"Só algumas pessoas escolhidas pela fatalidade do acaso provaram da liberdade esquiva e delicada da vida" "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar" "Clarice Lispector"

9.7.08

O primeiro passo



O primeiro passo

O primeiro passo para viver com sabedoria é renunciar a vaidade.
Reconheça a insanidade do sabichão inquieto cuja mente agitada está sempre especulando a respeito de suas impressões estereotipadas sobre os acontecimentos ou sobre as pessoas, esforçando-se para encaixar as experiências do momento em categorias previamente estabelecidas: “Ah, sim, isso aqui é exatamente assim ou assado.”

Contemple o mundo com novo frescor – como ele é, como foi criado – com os olhos de um principiante, de um recém-chegado.

Saber que você não sabe e estar disposto a admitir isto sem desculpas nem acanhamento é ser forte de verdade e preparar o terreno para aprender e progredir em qualquer atividade.

Os mais sábios reconhecem os limites naturais de nossa capacidade de conhecimento e têm a coragem de preservar sua ingenuidade. Compreendem que todos nós sabemos muito pouco sobre qualquer coisa. Não existe qualquer conhecimento conclusivo, definitivo, sobre coisa alguma.

Os sábios não confundem informações ou dados, por mais prodigiosos ou bem apresentados que sejam, com conhecimento abrangente ou sabedoria transcendente. Fazem, com enorme freqüência, comentários como “Hummm” ou “É mesmo?”. Quando percebemos como de fato sabemos pouco, nos iludimos com menos facilidade por pessoas muito falantes, envolventes ou demagogas, e direcionamos melhor nossa curiosidade. Pois a curiosidade viva e ativa é um elemento característico de uma vida em expansão.


A arrogância é a máscara mais banal da covardia. Mais grave ainda: é o maior empecilho para uma vida florescente. A clareza de pensamento é a presunção não podem coexistir logicamente. A humanidade não tem uma hierarquia social inerente a ela, apesar das aparências. Todo pessoa neste mundo é importante. Se você realmente quer ter paz de espírito e bons resultados para seus esforços, deixe a presunção de lado.

A presunção é como um portão de ferro: não permite a entrada de novos conhecimentos, a expansão de possibilidades nem as idéias construtivas. Ceder ao orgulho excessivo dos próprios conhecimentos, capacidade ou experiências, procurando alcançar mais poder ou autoridade do que o devido, é fatal. O amor-próprio exagerado não só faz os outros se afastarem pois é insuportável ter um tolo arrogante por perto, como também leva a complacência, impedindo mudanças de rumos mais sadias. A pessoa fica sempre girando em círculos pelos mesmos lugares conhecidos, cai sempre na mesma teia pegajosa. Nada de extraordinário ou prazeroso acontece.

Pare de tagarelar como uma matraca. Observe o que está realmente acontecendo, não só o que você pensa estar acontecendo, ou gostaria que estivesse acontecendo. Olhe e escute bem o que se passa a sua volta.


Para fazer bem qualquer coisa você precisa ter a humildade de tropeçar aqui e ali, de seguir seu faro e se perder de vez em quando e cometer erros elementares. Tenha a coragem de tentar realizar alguma tarefa encarando a possibilidade de realizá-la mal. As vidas medíocres são marcadas pelo temor de não parecer capaz ao tentar algo de novo.

As novas experiências servem para aprofundar nossas vidas e promover o avanço nos níveis de competência mais altos e não para serem usadas pelos presunçosos como suporte de seus pontos de vistas e conclusões previamente determinadas.

Os conhecimentos importantes e orientação pessoal estão menos onde se espera. Se você deseja encontrá-los, reconhecê-los e beneficiar-se deles quando vierem, trate de não se encher de empáfia e orgulho desmedidos.


O legitimo sentimento de satisfação por se alcançar um objetivo meritório e difícil de conquistar não deve ser confundido com arrogância, que se caracteriza pela preocupação excessiva consigo mesmo e a falta de interesse pelos sentimentos ou assuntos dos outros.



Do livro Epicteto - A Arte de Viver. Sharon Lebell



Nada mais assustador
que a ignorância em ação.
Johann Goethe


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Em uma entrevista foi solicitado à uma senhora de oitenta e cinco anos, que vivia nas montanhas do estado de Kentucky, que reexaminasse sua vida e dissesse o que tinha aprendido.
Com aquele inevitável travo nostálgico, que sempre acompanha declarações deste tipo, ela respondeu:


“Se eu pudesse viver tudo de novo, erraria mais da próxima vez. Relaxaria mais, faria mais bobagens, levaria menos coisas a sério... Comeria mais sorvetes e menos feijão. Talvez eu tivesse mais problemas verdadeiros e menos imaginários. Veja, fui uma pessoa que viveu com serenidade e sensatez hora após hora, dia após dia. Fui uma destas que nunca foram a lugar algum sem um termômetro, uma lanterna, uma capa de chuva e um pára-quedas. Se pudesse começar de novo, eu carregaria menos bagagem”.

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Num mundo em que todos são capazes de destacadas façanhas ou de alcançar sucesso, Deus nos deu a aptidão de encontrar a grandeza no dia-a-dia.

Um almoço tanto pode ser uma refeição rápida, tal qual a parada de um piloto de corrida em seu box, como pode ser a oportunidade de saborear o milagre da terra, as chuvas, as sementes e a imaginação humana que podem operar em nosso paladar.
Temos apenas que ser sábios o bastante para que possamos reconhecer o milagre, em vez de passar correndo por ele em busca de “alguma coisa importante”.

Podemos rir da moça adolescente deslumbrada com seu novo namorado. Ela acha que a coisa mais maravilhosa da história humana acaba de acontecer com ela, enquanto sabemos bem que apenas um fenômeno hormonal aconteceu, exatamente de acordo com a programação de suas glândulas, e que em seis meses ela estará se perguntando o que viu de especial naquela pessoa.
E, contudo, há alguma coisa emocionante em ser capaz de sentir felicidade ao receber uma carta (desde que não seja de cobrança*), um telefonema ou um sorriso.
Há, então, uma capacidade de encontrar a alegria nas coisas comuns que bem poderíamos invejar.

A vida boa, a vida verdadeiramente humana, não está baseada em alguns poucos grandes momentos, mas em muitos pequenos momentos.
Ela nos pede apenas que relaxamos nossa procura por tempo suficiente para que estes momentos se acumulem e passem a significar alguma coisa.



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Um dia, um homem perguntou à um homem de negócios:
- Toda vez que eu o vejo você está com pressa. Diga-me, por favor, para onde você corre sempre e tanto?

O homem de negócios respondeu:
- Corro atrás do sucesso e da realização. Corro atrás da recompensa pelo meu trabalho.

O outro replicou:
- Seria uma boa resposta se todas estas “bênçãos” estivessem à sua frente, tentando escapar-lhes. Se correr o suficiente, você poderá alcançá-las. Mas pode ser que as “bênçãos” estejam atrás de você, procurando por você, e que quanto mais correr, mais dificilmente elas o alcançarão.

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Do livro Quando tudo não é o bastante – Haroldo Kushner
(*) grifo meu, Psytasya


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photo courtesy Lady Oz creations by Angels Design

No amor, nem sempre são as faltas o que mais nos prejudica, mas sim a maneira como procedemos depois de as ter cometido. "Oví­dio"