Psy

"Só algumas pessoas escolhidas pela fatalidade do acaso provaram da liberdade esquiva e delicada da vida" "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar" "Clarice Lispector"

29.4.08

Krishnamurti




Nenhum livro nem instrutor pode apontar o desconhecido.
Não precisamos depender de ninguém.



1
Só quando as células cerebrais ficam totalmente tranqüilas, só então podem descobrir aquela coisa; mas dizer apenas que ela existe ou não existe, isso nada significa.




2
Como ser humano inteligente, percebo também que meu problema não é achar Deus porque não sei o que isso significa.
Posso ter lido uma infinidade de livros sobre o mesmo assunto, mas esses livros são meramente explicativos, palavras, teorias sem realidade para a pessoa que nunca experimentou aquilo que esta além da mente.
E o intérprete não importa quem , é sempre um traidor.



3
Se observarmos nosso próprio pensamento, se estivermos realmente cônscios do funcionamento de nossa mente, veremos que nosso desejo é estar com um pé neste mundo e um pé no outro mundo - o que quer que este último seja.
Mas os dois mundos são incompatíveis, não podem misturar-se. que fazer, então?



4
Por certo, o que é espiritual tem de ser atemporal. Mas a mente é o resultado do tempo, de incontáveis influências, idéias, imposições; ela é produto do passado, que é tempo. E pode alguma vez essa mente perceber o que é atemporal?
Nunca, naturalmente.



5
Não podemos ser espiritualizados se pertencemos à alguma religião, à alguma nacionalidade.
Se formos hinduístas, parses, muçulmanos ou cristãos, nunca seremos espiritualizados.
Só seremos se destruirmos a estrutura social do nosso ser, isto é, o mundo em que vivemos, o mundo da ambição, da inveja, da sede de poder.


6
O que é profundo não se encontra em nenhum livro, ainda que seja o Gita ou os Upanixades. Não se encontra em nenhum templo nem igreja. Cumpre encontrar dentro de nós mesmos.
Termos de penetrar muito, penetrar profundamente em nós mesmos, passo a passo, observando cada movimento de nosso ser, cada ação, cada sentimento. e veremos, então, que não há limite, que nunca se alcança o fundo daquilo que vemos.

7
Se não alterarmos nossa vida diária, nenhum sentido terá perguntarmos o que é a verdade, se Deus existe ou não.
Somos estes humanos fragmentados e, enquanto não formos totais, completos, nenhuma possibilidade teremos de alcançar o que está fora do tempo.


8
Dizem que o "eu" é espiritual, que nele existe uma essência espiritual.
Mas como sabemos?
Não será isso uma invenção do pensamento?
Cumpre-nos, pois, descobrir por que o pensamento inventa tais coisas.
Não aceitem nada nem mesmo o próprio "eu", porque, para descobrir a Verdade,a mente deve estar livre do "eu" e do "eu superior".
"Eu superior" e "eu" são a mesma coisa - uma invenção dualista.


9
Não precisamos ingressar em organizações espiritualistas. Cumpre-nos aprender tudo isso de nós mesmos e, então, a mente descobrirá coisas incríveis.

10
Este por certo é o nosso problema: como viver neste mundo que envolve competição, aquisição, ambição, a busca agressiva de autopreenchimento e, a mesmo tempo, trazer à existência o perfume de algo que se acha além?
É possível tal coisa?
Podemos viver neste mundo e, ao mesmo tempo, possuir aquela outra coisa?


11
Pergunta:
- O homem é material ou espiritual?

Krishnamurti:
- E terá isso, por acaso, muito importância?
Ele é todas as coisas.
É material e espiritual, isto é, ele é o todo.
Não é lícito dividir a vida em matéria e espírito.
Isso é mera convenção da mente.


A maioria de nós tem tido profundas “experiências” – ou que outro nome lhes queirais dar – temos tido inspirações portadoras de êxtase sublime, de visões grandiosas, de intenso amor. Essas “experiências” nos invadem com a sua luz e alento; mas não perduram: passam, deixando o seu perfume.

.

Se (Rudayard Kiplig)

.



Se
Rudayard Kiplig

Tradução de Guilherme de Almeida



Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;


Se és capaz de pensar — sem que a isso só te atires;
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;


Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";


Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao mínimo fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais — tu serás um homem, ó meu filho!

23.4.08

Sem Palavras...


21.4.08

Rabindranath Tagore

.

.



.




.



Mergulhei no profundo mar das formas,
esperando encontrar a pérola perfeita
daquele que não tem forma.

Não preciso mais navegar de porto em porto,
com o meu barco fustigado pelas tempestades.

Já se foram os dias em que
me divertia sacudido pelas ondas.

Agora estou ansioso por morrer
dentro daquele que não morre.

Na sala de audiência, junto ao abismo sem fundo
de onde sobe a música de cordas que não foram tocadas,
eu empunharei esta harpa da minha vida.

Vou afiná-la com as notas do Eterno,
e quando ela tiver soluçado o seu último segredo,
eu depositarei a minha harpa silenciosa
aos pés do Silencioso.



Não me lembro do momento em que transpus,

pela primeira vez, o limiar da vida.


Que força foi essa que me fez despontar

nesse imenso mistério como um botão de flor

numa floresta à meia-noite?


Quando olhei a luz pela manhã,

senti logo que não era um estrangeiro neste mundo;
que o inescrutável, que não tem nome nem forma,

me tomara em seus braços sob

a aparência da minha própria mãe.


Assim também, o mesmo desconhecido

me aparecerá na morte,

como alguém que sempre conheci.

E porque gosto desta vida,

sei que também gostarei da morte.


A criança chora, quando a mãe

a retira do seu seio direito,
mas cala no momento em que acha

no seio esquerdo o seu consolo.


Permite que de mim reste apenas aquele pouco,

pela qual eu possa chamar-te o meu tudo.

Permite que da minha vontade reste apenas aquele pouco,
pelo qual eu possa te sentir em todo lugar,
chegar a ti em cada coisa,
e a cada momento oferecer-te o meu amor.

Permite que de mim reste apenas aquele pouco,
pelo qual eu jamais possa te esconder.

Permite que das minhas correntes reste apenas aquele pouco,
pela qual eu fique ligado à tua vontade,
aquele pouco pelo qual
o teu projeto se realiza em minha vida:
a corrente do teu amor.


Rabindranath Tagore




A noite abre as flores em segredo
e deixa que o dia receba os agradecimentos.






.
.

No amor, nem sempre são as faltas o que mais nos prejudica, mas sim a maneira como procedemos depois de as ter cometido. "Oví­dio"