Psy

"Só algumas pessoas escolhidas pela fatalidade do acaso provaram da liberdade esquiva e delicada da vida" "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar" "Clarice Lispector"

26.11.07


Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar,
cada assunto em seu tempo,
cada palavra em seu estilo,
não era o prémio merecido
de uma mente em ordem,
mas, pelo contrário,
todo um sistema de simulação
inventado por mim para ocultar
a desordem da minha natureza.

Descobri que não sou disciplinado por virtude,
e sim como reação contra a minha negligência;
que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez,
que me faço passar por prudente quando na verdade
sou desconfiado e sempre penso o pior,
que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas,
que só sou pontual para que ninguém saiba
como pouco me importa o tempo alheio.

Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do zodíaco.

Virei outro. Tratei de reler os clássicos que me mandaram ler na adolescência, e não agüentei.
Mergulhei nas letras românticas que tanto repudiei quando minha mãe quis me forçar a ler e gostar, e através delas tomei consciência de que a força invencível que impulsionou o mundo não foram os amores felizes e sim os contrariados.
Quando meus gostos musicais entraram em crise me descobri atrasado e velho, e abri meu coração às delícias do acaso.



Gabriel Garcia Márquez


Imagens encontradas na net.

21.11.07

Gibran Kahlil Gibran



Do Primeiro Olhar
Do Primeiro Beijo
Do Casamento

~ Gibran Kahlil Gibran ~



Do Primeiro Olhar

É aquele momento em que a Vida passa da sonolência para a alvorada. É a primeira chama que ilumina o íntimo mais profundo do coração. É a primeira nota mágica arrancada das cordas de prata do sentimento. É aquele momento instantâneo em que se abrem diante da alma as crônicas do Tempo, e se revelam aos olhos as proezas da noite, e as vozes da consciência. Ele é que abre os segredos da Eternidade para o futuro. É a semente lançada por Ishtar, deusa do Amor, e espargida pelos olhos do ser amado na paisagem do Amor, depois regada e cuidada pela afeição, e finalmente colhida pela alma.

O primeiro olhar vindo dos olhos do ser amado é como o espírito que se movia sobre a face das águas e deu origem ao céu e à terra, quando o Senhor sentenciou: "E agora, vivei!"



Do Primeiro Beijo


É o primeiro gole de néctar da Vida, numa taça ofertada pela divindade. É a linha divisória entre a dúvida que engana o espírito e entristece o coração, e a certeza que inunda de alegria nosso íntimo. É o começo da canção da Vida e o primeiro ato do drama do Homem Ideal. É o vínculo que une a obscuridade do passado com a luminosidade do futuro; é a ponte entre o silêncio dos sentimentos e a sua própria melodia. É uma palavra pronunciada por quatro lábios, proclamando o coração um trono, o Amor um rei e a fidelidade uma coroa. É o toque leviano dos dedos delicados da brisa nos lábios da rosa — pronunciando um longo suspiro de alívio e um suave gemido.

É o começo daquela vibração mágica que transporta os amantes do mundo das coisas e dos seres para o mundo dos sonhos e das revelações.

É a união de duas flores perfumadas; e a mistura de suas fragrâncias, para a criação de uma terceira alma.

Assim como o primeiro olhar é uma semente lançada pela divindade no campo do coração humano, assim o primeiro beijo é a primeira flor nascida na ponta dos ramos da Árvore da Vida



Do Casamento


O casamento é a união de duas divindades para dar nascimento a uma terceira na terra. É a união de duas almas num amor tão forte que possa abolir qualquer separação. É aquela superior unidade que junta as metades antes separadas, de dois espíritos. É o elo de ouro de uma cadeia cujo começo é um olhar, e cujo fim é a eternidade. É a chuva pura que cai de um céu perfeito para frutificar e abençoar os campos da divina Natureza.

Assim como o primeiro olhar entre os que se amarão é como uma semente lançada no coração humano, e o primeiro beijo de seus lábios uma flor nos ramos da árvore da vida, também a união de dois amantes pelo casamento é como o primeiro fruto da primeira flor daquela semeadura.



Vim para dizer uma palavra e devo dizê-la agora. Mas se a morte me impedir, ela será dita pelo amanhã, porque o amanhã nunca deixa segredos no livro da Eternidade. Vim para viver na glória do Amor e na luz da Beleza, que são reflexos de Deus.

Estou aqui, vivendo, e não me podem extrair o usufruto da vida porque, através da minha palavra atuante, sobreviverei mesmo após a morte. Vim aqui para ser por todos e com todos, e o que faço hoje na minha solidão ecoará amanhã entre todos os homens.

O que digo hoje com apenas meu coração será dito amanhã por milhares de corações.

Imagens da Net

20.11.07

Não Fales Mal de Ninguém






Toda pessoa não suficientemente realizada em si mesma tem a instintiva tendência de falar mal dos outros.
Qual a razão última dessa mania de maledicência?
É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade.
Diminuir o valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor próprio.
A imensa maioria dos homens não está em condições de medir o seu valor por si mesma. Necessita medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros.
Esses homens julgam necessário apagar as luzes alheias a fim de fazerem brilhar mais intensamente a sua própria luz.
São como vaga-lumes que não podem luzir senão por entre as trevas da noite, porque a luz das suas lanternas fosfóreas é muito fraca.

Quem tem bastante luz própria não necessita apagar ou diminuir as luzes dos outros para poder brilhar.
Quem tem valor real em si mesmo não necessita medir o seu valor pelo desvalor dos outros.
Quem tem vigorosa saúde espiritual não necessita chamar de doentes os outros para gozar a consciência da saúde própria.
As nossas reuniões sociais, os nossos bate-papos são, em geral, academias de maledicência.
Falar mal das misérias alheias é um prazer tão sutil e sedutor – algo parecido com whisky, gin ou cocaína – que uma pessoa de saúde moral precária facilmente sucumbe a essa epidemia.

A palavra é instrumento valioso para o intercâmbio entre os homens. Ela, porém, nem sempre tem sido utilizada devidamente.
Poucos são os homens que se valem desse precioso recurso para construir esperanças, eliminar dores e traçar rotas seguras.

Fala-se muito por falar, para “matar tempo”.
A palavra, não poucas vezes, converte-se em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência e em bisturi da revolta.
Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras dirigem conflitos e resolvem dificuldades.
Portanto, cabe às pessoas lúcidas e de bom senso, não dar ensejo para que o veneno da maledicência se alastre, infelicitando e destruindo vidas.

Desculpemos a fragilidade alheia, lembrando-nos das nossas próprias fraquezas.
Evitemos a censura.
Enriqueçamos o coração de amor e banhemos a mente com as luzes da misericórdia divina.
Porque, de acordo com o Evangelho de Lucas, 6, 45* Bonus homo de bono thesauro cordis profert bonum, et malus homo de malo profert malum: ex abundantia enim cordis os eius loquitur - “a boca fala do que está cheio o coração”
.






Texto extraído do livro “A Essência da Amizade”, Humberto Rohden

Imagens: da Net

14.11.07

O Prazer

Everything But Love © Axel Bueckert



O prazer é uma canção de liberdade,
Mas não é a liberdade.
É o desabrochar de vossos desejos,
Mas não o seu fruto.
É um abismo olhando para o cume,
Mas não é nem o abismo nem o cume.
É o engaiolado ganhando espaço,
Mas não é o espaço que o envolve.

Sim, na verdade, o prazer é uma canção de liberdade.
E de bom grado eu vos ouviria cantá-la de todo vosso coração; porém, não gostaria que perdêsseis vosso coração no canto.
Alguns de vossos jovens procuram o prazer como se fosse tudo na vida, e são condenados e repreendidos.
Eu preferiria nem condená-los, nem repreendê-los, mas deixá-los procurar. Pois encontrarão o prazer, mas não só ele.
Sete são suas irmãs, e a última dentre elas é mais bela que o prazer.
Não ouviste falar do homem que cavava a terra à procura de raízes e descobriu um tesouro?
E alguns de vossos anciãos recordam seus prazeres com remorso, como se fossem erros cometidos num estado de embriaguez.
Mas o remorso é o escurecimento da alma e não o seu castigo.
Deveriam antes recordar seus prazeres com reconhecimento, como recordariam um colheita de verão.


Untitled © Roger Sonneland



Todavia, se acharem conforto no remorso, deixemo-los se confortarem.
E há entre vós aqueles que não são jovens para procurar, nem velhos para recordar;
E no seu temor de procurar e recordar, desprezam todos os prazeres por medo de afugentar ou ofender o espírito.
Porém, na sua renúncia está seu prazer.
E, assim, eles também descobrem um tesouro embora cavem com mãos trêmulas à procura de raízes.
Mas, dizei-me, quem pode ofender o espírito?
Ofende o rouxinol a quietude da noite ou o pirilampo, as estrelas?
E poderá vossa flama ou vossa fumaça sobrecarregar o vento?
Credes que o espírito é um poço tranqüilo que podeis perturbar com um bastão?

Muitas vezes, ao negardes a vós mesmos um prazer, nada mais fazeis do que represar vosso desejo nos recessos de vosso Eu.
E quem sabe se o que parece omitido hoje não espera pelo amanhã?
Mesmo vosso corpo conhece sua herança e seus direitos, e vós não o podeis iludir.
E vosso corpo é a harpa de vossa alma: A vós pertence tirar dele música melodiosa ou ruídos dissonantes.

E agora perguntais em vosso coração: 'Como distinguiremos o que é bom no prazer do que é mau?'
Ide, pois, aos vossos campos e pomares e, lá, aprendereis que o prazer da abelha é sugar o mel da flor,
Mas que o prazer da flor é entregar o mel à abelha.
Pois, para a abelha, uma flor é uma fonte de vida.
E para a flor, uma abelha é uma mensageira de amor.
E para ambas, a abelha e a flor, dar e receber o prazer é uma necessidade e um êxtase.
Povo de Orphalese, nos vossos prazeres, imitai as flores e as abelhas.

O Profeta - Gibran Khalil Gibran

Untitled © Roger Sonneland

12.11.07

Valle de Aezkoa, Navarre, Spain © SuperStock, Inc.



O amor não deve encerrar a coisa possuída,
mas ser parapeito de janela,
ou cais de onde se desprendam os revôos
e partam os navios da beleza
para voltar ou não, conforme amarmos:
nem de menos nem demais.

Lya Luft

American Robin © Adam Jones

8.11.07

Génesis




Génesis



De mim não falo mais: não quero nada.
De Deus não falo: não tem outro abrigo.
Não falarei também do mundo antigo,
pois nasce e morre em cada madrugada.

Nem de existir, que é a vida atraiçoada,
para sentir o tempo andar comigo;
nem de viver, que é liberdade errada,
e foge todo o Amor quando o persigo.

Por mais justiça ... - Ai quantos que eram novos
em vão a esperaram porque nunca a viram!
E a eternidade... Ó transfusão dos povos!

Não há verdade: O mundo não a esconde.
Tudo se vê: só se não sabe aonde.
Mortais ou imortais, todos mentiram.


Jorge de Sena

4.11.07

Convite



V
em...
Bebe comigo este vinho que cintila como um diante, e mais ainda.
E demos de beber ao narciso falador, pois, ébrio, não nos reconhecerá, nem verá o que faremos, e amanhã nada poderá contar sobre nós...

Vem...
Desfrutemos os prazeres enquanto houver prazeres e antes que a vida nos prove do desejo.
Se a aurora não nos acordar, nada nos acordará: nem riquezas, nem saber.

Vem...
Libertemos nossas almas dos preconceitos.
Vê a flor espalhar seu perfume no vale, ouve o pássaro no espaço cantar sua canção.
Quem repreendeu a flor?
Quem condenou o pássaro?

Quantas vezes obedecemos aos homens e desobedecemos ao criador do homens!

Deus quis que amemos quando criou o amor, e depositou a paixão em ti quando a depositou em mim.
Sua vontade é sempre justificada.
Que culpa, pois, tens se amas?
Que culpa tenho se amo?

Deixa os censores e os moralistas repetirem suas mentiras e tolices.
Pode o córrego cantar, e a flor, perfumar, e os pássaros, se acasalar, e não pode o coração – ele que é o coração – embriagar-se e amar?


Ilia Abu-Madi



Imagens da net


3.11.07

Sidney-by-the-Sea, British Columbia, Canada © SuperStock, Inc.




Nenhum dos nossos pensamentos saberá conceber Deus, nem nenhuma língua defini-Lo.
O que é incorpóreo, invisível, informe, não pode ser apreendido pelos nossos sentidos;
O que é Eterno não pode ser medido pela curta regra do tempo;
Deus é, pois, Inefável.

Deus pode, isto é verdade, comunicar a alguns eleitos a faculdade de se elevarem acima das coisas naturais para perceberem algum raio da Sua Perfeição Suprema; mas, esses iniciados não encontram em linguagem vulgar palavras que possam exprimir a visão material que os fez estremecer.


Poderão explicar à Humanidade as causas secundárias das criações que passam sob seus olhos, como imagens da vida universal; mas, a Causa Primária conservar-se-á sempre vendada, e nós não chegaremos a compreendê-La, senão ultrapassando a morte.


Hermes Trismegisto

Imagem da Net

2.11.07

Sunrise Light on Big Thompson River, Rocky Mountain National Park, Colorado © Willard Clay


Se um pinheiro não podes ser no monte,
Sê um mirto no vale, mas que sejas
O melhor mirto à beira do regato:
Sê arbusto, se árvore não fores.

Não podemos ser todos comandantes.
Tem que haver tripulantes.
Há trabalho para todos,
Serviço grande ou leve
E a tarefa a cumprir está à frente.


North Fork of the Smith River, Siuslaw National Forest, Oregon © SuperStock, Inc.



Se não fores estrada, sê vereda.
Se não podes ser sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que se vence:
Sê o melhor daquilo que fores.

Douglas Malloch

Image on this website Copyright Don Paulson Photography

Sobre a Amizade



"Que qualidade primeira a gente deve esperar de alguém com quem pretende um relacionamento?", perguntou-me o jovem jornalista, e lhe respondi: "Aquela que se esperaria do melhor amigo."

O resto, é claro, seriam os ingredientes da paixão, que vão além da amizade. Mas a base estaria ali: na confiança, na alegria de estar junto, no respeito, na admiração. Em não poder imaginar a vida sem aquela pessoa.

Pode ser um bom critério. Não digo de escolha - pois amor é instinto e intuição -, mas uma dessas opções mais profundas, arcaicas, que a gente faz até sem saber, para crescer ou para se destruir.

Eu não quereria como parceiro de vida quem não pudesse querer como amigo. E amigos fazem parte dos meus alicerces emocionais: são um dos ganhos que a passagem do tempo me concedeu.

Falo daquela pessoa para quem posso telefonar, não importa onde ela esteja nem a hora do dia ou da madrugada, e dizer: "Estou mal, preciso de você". E ele ou ela estará comigo pegando um carro, um avião, correndo alguns quarteirões a pé, ou simplesmente ficando ao telefone o tempo necessário para que eu me recupere, me reencontre, me reaprume, não me mate, seja lá o que for.




Mais reservada do que expansiva num primeiro momento, mais para tímida, tive sempre muitos conhecidos e poucas - mas reais - amizades de verdade, dessas que formam, com a família, o chão sobre o qual a gente sabe que pode caminhar.

Sem elas, eu provavelmente nem estaria aqui.

Falo daquelas amizades para as quais eu sou apenas eu, uma pessoa com manias e brincadeiras, eventuais tristezas, erros e acertos, os anos de chumbo e uma generosa parte de ganhos nesta vida.

Para eles não sou escritora, muito menos conhecida de público algum: sou gente. Com uma dessas amizades posso fazer graça ou fazer fiasco, chorar, eventualmente dizer palavrão quando me irrito ou quando esmago o dedo na porta. (Ou sempre que me der vontade, aliás.)

A amizade é um meio-amor, sem algumas das vantagens dele, mas sem o ônus do ciúme - o que é, cá entre nós, uma bela vantagem.

Ser amigo é rir junto, é dar o ombro pra chorar, é poder criticar (com carinho, por favor), é poder apresentar namorado ou namorada, é poder aparecer de chinelo de dedo ou roupão, é poder até brigar e voltar um minuto depois, sem ter de dar explicação nenhuma.

Amiga é aquela a quem se pode ligar quando a gente está com febre e não quer sair para pegar as crianças na chuva: a amiga vai, e pega junto com as dela ou até mesmo se nem tem criança naquele colégio.

Amigo é aquele a quem a gente recorre quando se angustia demais, e ele chega confortando, chamando de "minha gatona" mesmo que a gente esteja um trapo. Amigo, amiga, é um dom incrível, isso eu soube desde cedo, e não viveria sem eles.



Conheci uma senhora que se vangloriava de não precisar de amigos: "Tenho meu marido e meus filhos, e isso me basta".

O marido morreu, os filhos seguiram sua vida, e ela ficou solitária e injuriada com isso, como se o destino tivesse lhe pregado uma peça. Mais de uma vez queixou-se, e nunca tive coragem de lhe dizer, àquela altura, que a vida é uma construção, também a vida afetiva. E que amigos não nascem do nada como frutos do acaso: são cultivados com... amizade.

Sem esforço, sem adubos especiais, sem método nem aflição: crescendo como crescem as árvores e as crianças quando não lhes faltam nem luz nem espaço nem afeto.

Quando em certo período o destino havia aparentemente tirado debaixo de mim todos os tapetes e perdi o prumo, o rumo, o sentido de tudo, foram amigos, amigas - e meus filhos, jovens adultos já revelados amigos - que seguraram as pontas.
E eram pontas ásperas aquelas.

Agüentei, persisti, e continuei amando a vida, as pessoas e a mim mesma (como meu amado amigo Érico Veríssimo, "eu me amo mas não me admiro") o suficiente para não ficar amarga. Pois, além de acreditar no mistério de tudo o que nos acontece, eu tinha aqueles amigos.

Com eles, sem grandes conversas nem palavras explícitas, aprendi solidariedade, simplicidade, honestidade e carinho.

Sem razão especial nem data marcada, estou homenageando aqueles, aquelas, que têm estado comigo seja como for, para o que der e vier, mesmo quando estou cansada, estou burra, estou irritada ou desatinada - pois às vezes eu sou tudo isso, ah, sim.

E o bom mesmo é que na amizade, se verdadeira, a gente não precisa se sacrificar nem compreender, nem perdoar, nem fazer malabarismos sexuais, nem inventar desculpas, nem esconder rugas ou tristezas. A gente pode simplesmente ser: que alivio, neste mundo complicado e desanimador, deslumbrante e terrível, fantástico e cansativo.

Pois o verdadeiro amigo é confiável e estimulante, engraçado e grave, às vezes irritante; pode se afastar, mas sabemos que retorna; ele nos agüenta e nos chama, nos dá impulso e abrigo, e nos faz ser melhores: como o verdadeiro amor


Lya Luft, In Em Outras Palavras
Imagens da net

No amor, nem sempre são as faltas o que mais nos prejudica, mas sim a maneira como procedemos depois de as ter cometido. "Oví­dio"