Psy

"Só algumas pessoas escolhidas pela fatalidade do acaso provaram da liberdade esquiva e delicada da vida" "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar" "Clarice Lispector"

31.10.06

Fitro...


Imagem: autoria desconhecida


Fere de leve a frase... E esquece... Nada
Convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.

Mario Quintana

Imagem: autoria desconhecida

Canção das Mulheres

Imagem: autoria desconhecida

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.


Imagem: autoria desconhecida

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo 'Olha que estou tendo muita paciência com você!'

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.

Lya Luft


Imagem: autoria desconhecida

30.10.06

Canção dos Homens


Imagem: autoria desconhecida

Que quando chego do trabalho ela largue por um instante o que estiver fazendo - filho, panela ou computador - e venha me dar um beijo como os de antigamente.

Que quando nos sentarmos à mesa para jantar ela não desfie a ladainha dos seus dissabores domésticos.

E se for uma profissional, que divida comigo o tempo de comentarmos nosso dia.

Que se estou cansado demais para fazer amor, ela não ironize nem diga que "até que durou muito" o meu desejo ou potência.

Que quando quero fazer amor ela não se recuse demasiadas vezes, nem fique impaciente ou rígida, mas cálida como foi anos atrás.

Que não tire nosso bebê dos meus braços dizendo que homem não tem jeito pra isso, ou que não sei segurar a cabecinha dele, mas me ensine docemente se eu não souber.

Que ela nunca se interponha entre mim e as crianças, mas sirva de ponte entre nós quando me distancio ou me distraio demais.

Que ela não me humilhe porque estou ficando calvo ou barrigudo, nem comente nossas intimidades com as amigas, como tantas mulheres fazem.

Que quando conto uma piada para ela ou na frente de outros, ela não faça um gesto de enfado dizendo "Essa você já me contou umas mil vezes".

Que ela consiga perceber quando estou preocupado com trabalho, e seja calmamente carinhosa, sem me pressionar para relatar tudo, nem suspeitar de que já não gosto dela.

Que quando preciso ficar um pouco quieto ela não insista o tempo todo para que eu fale ou a escute, como se silêncio fosse falta de amor.

Que quando estou com pouco dinheiro ela não me acuse de ter desperdiçado com bobagens em lugar de prover minha família.

Que quando eu saio para o trabalho de manhã ela se despeça com alegria, sabendo que mesmo de longe eu continuo pensando nela
.



Imagem: autoria desconhecida

Que quando estou trabalhando ela não telefone a toda hora para cobrar alguma coisa que esqueci de fazer ou não tive tempo.

Que não se insinue com minha secretária ou colega para descobrir se tenho amante.

Que com ela eu também possa ter momentos de fraqueza e de ternura, me desarmar, me desnudar de alma, sem medo de ser criticado ou censurado: que ela seja minha parceira, não minha dependente nem meu juiz.

Que cuide um pouco de mim como minha mulher, mas não como se eu fosse uma criança tola e ela a mãe, a mãe onipotente, que não me transforme em filho.

Que mesmo com o tempo, os trabalhos, os sofrimentos e o peso do cotidiano, ela não perca o jeito terno e divertido que tanto me encantou quando a vi pela primeira vez.

Que eu não sinta que me tornei desinteressante ou banal para ela, como se só os filhos e as vizinhas merecessem sua atenção e alegria.

E que se erro, falho, esqueço, me distancio, me fecho demais, ou a machuco consciente ou inconscientemente, ela saiba me chamar de volta com aquela ternura que só nela eu descobri, e desejei que não se perdesse nunca, mas me contagiasse e me tornasse mais feliz, menos solitário, e muito mais humano.

Lya Luft




Imagem: autoria desconhecida

Caminhante


Imagem: autoria desconhecida


Golpe a golpe, passo a passo.
Caminhante, não há caminho,
o caminho é feito ao andar.
Andando, se faz o caminho
e se você olhar para trás
tudo o que verá são as marcas dos passos
que algum dia os seus pés tornarão a percorrer.
Caminhante não há caminho,
o caminho é feito ao andar.

António Machado




Imagem: autoria desconhecida

27.10.06

Presença

Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram
lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram
sussurros e palavras mudas que te dediquei..."


Imagem: da net


É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, o trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

Mário Quintana




Imagem: da net


Para uma pessoa que um dia conheci ...
Compartilhou momentos difíceis de minha vida e deixou saudades.
Uma amiga que adotei para mim.
E que agora alegra os anjos.

Imagem: Misha Gordin

26.10.06

Pensamento







...




Quando menos se espera ele chega, o pensamento que nos faz parar.

Pode ser no meio do trânsito, na frente da tevê ou do computador.

Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, da lamúria, da hesitação.

Sem ter programado, a gente pára pra pensar. É como espiar para um corredor com mil possibilidades.

Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um
nada, outras para um jardim de promessas. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar, reavaliar-se.

Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos esmaga.
Lya Luft

Imagem: da net


24.10.06

Não Corra Atrás das Borboletas





Muitas vezes, passamos
um longo tempo de nossas vidas
correndo desesperadamente atrás
de um amor,de um emprego,
de uma casa, de uma amizade...
E não conseguimos!
Será que não conseguimos
mesmo ou não percebemos
os sinais que recebemos...
de que ainda não estamos prontos!
Preste atenção...

"Não corra atrás das borboletas.
Cuide de seu jardim
e elas virão até você!
Mário Quintana



....

.......

.....

23.10.06

Os silêncios






Não entendo os silêncios
que tu fazes
nem aquilo que espreitas
só comigo

Se escondes a imagem
e a palavra
e adivinhas aquilo
que não digo

Se te calas
eu ouço e eu invento
Se tu foges
eu sei não te persigo

Estendo-te as mãos
dou-te a minha alma
e continuo a querer
ficar contigo

Maria Teresa Horta


21.10.06

Amar é...





Imagem: da net

" Amar é sofrer um instante de saudades...
É sentir um segundo de ciúmes.
É viver intensamente um momento de Paixão...
Se "Você" não existisse
"Eu" não teria aprendido a Amar
de um jeito tão bonito e especial..."

Wanderson Santos

20.10.06

Nós



Imagem: da net

"Nós" não existe,
mas é composto de Eu e Tu;
é uma fronteira sempre móvel
onde duas pessoas se encontram.

E quando há encontro
então
eu me transformo e
você também se transforma.

F. Perls

19.10.06

EU




Imagem: Ahmed Hadrovic
eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora
quem está por fora
não segura um olhar
que demora
de dentro de meu centro
este poema me olha.

Paulo Leminski

18.10.06

Reflexos

A coisa mais antiga de que me lembro é dum quarto em frente do mar dentro do qual estava, poisada em cima duma mesa, uma maçã enorme e vermelha.

Do brilho do mar e do vermelho da maçã erguia-se uma felicidade irrecusável, nua e inteira. Não era nada de fantástico, não era nada de imaginário: era a própria presença do real que eu descobria. Mais tarde a obra de outros artistas veio confirmar a objectividade do meu próprio olhar. Em Homero reconheci essa felicidade nua e inteira, esse esplendor da presença das coisas.

Sophia de Mello Breyner

Imagem: da net

17.10.06

Amabilidade


16.10.06

Vendo com os olhos do coração


Nunca a vida é tão dura que você não possa torna-la melhor pelo modo como a
leva.
Ellen Glasgow



Imagem: Maurizio Moro

Eu estava cega! Foi apenas por seis semanas , mas pareceu uma eternidade.
Nesse período, eu fiquei internada sozinha, com muito medo e morta de saudade do meu marido e dos meu cinco filhos.
Tenho certeza de que a escuridão exagerava todos esses sentimentos. Eu levava horas, dias até, imaginando se poderia ver meus filhos novamente.
Passei tanto tempo com pena de mim mesma que, quando a enfermeira avisou que eu teria uma colega de quarto, nem me animei.
Ironicamente, não queria que ninguém me visse naquela situação.

O nome da minha companheira de quarto era Joana. Gostei dela imediatamente.
Joana era sempre alegre e nunca se queixava de sua doença. Quando sentia que eu estava com medo ou deprimida, ela dizia, brincando, que eu tinha sorte em não poder me ver no espelho durante aquele período. Meu cabelo estava emaranhado por ficar sempre na cama e eu engordara muito por causa da cortisona.
Depois das visitas do meu marido, Carlos, e das crianças, era Joana quem lia para mim todos os bilhetinhos e cartões recheados de “Eu te Amo” e “Fique logo boa, mamãe”.
Era Joana quem abria minha correspondência , descrevia as flores que eu recebia de parentes e amigos e me ajudava na hora das refeições. Para me alegrar, ela dizia que eu tinha sorte de não poder ver a comida do hospital!

Uma tarde, meu marido veio me visitar sozinho. Eu e ele conversamos sobre a possibilidade de eu não voltar a enxergar. Ele me assegurou que isso não afetaria em nada seus sentimentos por mim e que, não importava o que acontecesse, teríamos sempre uma ao outro. Juntos, continuaríamos a criar nossos filhos. Por horas, ele apenas me segurou em seus braços, deixou-me chorar e tentou iluminar meu mundo tão escuro.
Joana deve ter sentido que precisávamos ficar a sós e permaneceu tão quieta durante a visita que eu achei que ela não estava no quarto.




Imagem: da net


Depois que Carlos saiu, ela disse:
- Você não sabe como é feliz em ter tantas pessoas que a amam! Seu marido e seus filhos são tão lindos! Você tem tanta sorte!
Naquele momento percebi, pela primeira vez, que durante as semanas que passamos juntas no hospital minha companheira não havia recebido a visita de marido nem de filhos. Sua mãe e o padre vinham de vez em quando, mas ficavam pouco tempo.
Eu estivera tão envolvida com meus problemas que sequer permitira que ela se abrisse comigo. Pelas visitas do médico, eu sabia que seu estado era delicado, mas nunca perguntara sobre a sua doença.
Entendi, então, como fora egoísta e me odiei por isso.
Virei para o lado e comecei a chorar. Pedi a Deus que me perdoasse.
Prometi que, logo pela manhã, eu perguntaria a Joana sobre sua vida, sua doença e seus problemas e diria como estava agradecida por tudo que ela fizera por mim.
Eu lhe diria como realmente gostava dela.

Nunca tive a oportunidade.
Quando acordei, a cortina estava puxada entre as duas camas.
Eu podia perceber pessoas sussurrando e tentei escutar o que diziam. Então ouvi o padre repetir:
- Que ela possa descansar em paz.
Antes que eu pudesse dizer-lhe que a amava, Joana tinha morrido.
Soube depois que ela sabia, ao se internar no hospital, que jamais sairia deli. Mesmo assim, nunca se queixou e passou seus últimos dias me dando esperança.



Imagem: da net


Joana deve ter sentido que sua vida estava no fim exatamente na noite em que falou sobre como eu tinha sorte. Depois que chorei até dormir, ela me escreveu um bilhete. A enfermeira o leu para mim naquela manhã e, quando voltei a enxergar, eu o reli muitas vezes:

Minha amiga,

"Obrigada por tornar meus dias tão especiais!
Fiquei muito feliz com nossa amizade.
Sei que você também se importa comigo,
a “sua vista que não é vista”.
Algumas vezes, para que prestemos atenção,
Deus nos derruba, ou ao menos nos torna cegos.
Nesse meu último suspiro,
rezo para que você logo volte a enxergar,
mas não especificamente como pensa.
Você só pode aprender a ver se o fizer com o coração.
Sua vida, então, será completa.

Lembre-se de mim com carinho,"

Joana


Naquela noite acordei de um longo sono. Deitada na cama, percebi que podia identificar algum brilho na pequena lâmpada na mesinha-de-cabeceira. Minha visão estava voltando! Era só um pouquinho, mas eu podia ver!
Mais importante ainda era que, pela primeira vez na vida, eu podia ver também com o coração.
Mesmo que eu jamais venha a saber como era o rosto de Joana, tenho certeza de que ela era uma das pessoas mais bonitas do mundo.

Perdi minha visão muitas vezes desde então, mas, graças a Joana, nunca me permitirei “perder de vista” as coisas que são importantes na vida, como carinho, amor e, às vezes, arrependimento.

Bárbara Jeanne Fisher




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Constância




O mosteiro na margem do rio Piedra está cercado por uma linda
vegetação – verdadeiro oásis nos campos estéreis daquela parte de Espanha.
Ali, o pequeno rio transforma-se numa caudalosa corrente, e se divide em
dezenas de cachoeiras. O viajante caminha por aquele lugar, escutando a
música das águas.





De repente, uma gruta – debaixo de uma das cachoeiras – chama
sua atenção. Ele olha cuidadosamente a pedra gasta pelo tempo,
as belas formas que a natureza cria com paciência. E descobre,
escrito numa placa, os versos de R. Tagore



- Não foi o martelo que deixou perfeitas estas pedras, mas a
água, com sua doçura, sua dança e sua canção.
Onde a dureza só faz destruir, a suavidade consegue esculpir.
Paulo Coelho



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13.10.06

Juan Ramón Jiménez






Que acontece a uma música,
quando deixa de soar;
e a uma brisa que deixa de voar,
e a uma luz que se apaga?
Morte, diz: que és tu, senão
silêncio,calma e sombra?



Inflama-me, poente: faz-me perfume e chama;
que o meu coração seja igual a ti, poente!
descobre em mim o eterno,
o que arde, o que ama,
...e o vento do esquecimento
arraste o que é doente!

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Falando sobre Distâncias entre Corações


Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos:
"Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?”
"Gritamos porque perdemos a calma", disse um deles.
"Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?"

Questionou novamente o pensador.
"Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça", retrucou outro discípulo.

E o mestre volta a perguntar:
"Então não é possível falar-lhe em voz baixa?”
Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.

Então ele esclareceu:
”Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecido?”
O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito. Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente.

....

.

Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um ao outro, através da grande distância. Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não gritam. Falam suavemente. E por que?
Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena. Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem falam, somente sussurram. E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta.
Seus corações se entendem. É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.”

Por fim, o pensador conclui, dizendo:

"Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta".
Mahatma Gandhi





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11.10.06

Se eu pudesse

.


Imagem: Nobre

Se eu pudesse deixar algum presente a você...
Deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos.
A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo a fora.
Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem.
Deixaria a capacidade de escolher novos rumos.
Deixaria para você se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável:
Além do pão, o trabalho. Além do trabalho, a ação.
E, quando tudo mais faltasse, um segredo:
O de buscar no interior de si mesmo.
Mahatma Gandhi



Imagem: José Reis

10.10.06

Tempo de Silêncio


Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
e que nele posso navegar sem rumo,
não respondas
às urgentes perguntas
que te fiz.

Deixa-me ser feliz
assim,
já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.

Só soubemos sofrer, enquanto
o nosso amor durou.

Mas o tempo passou,
há calmaria...


Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
matar a sede com água salgada.
Miguel Torga



Imagens: encontradas na net

O Auto Retrato


Imagem: Maurizio Moro

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto árvore...
Às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
Ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
E, desta lida, em que busco
pouco a pouco...
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança..
Corrigido por um louco!
Mário Quintana



Imagem: encontrada na net


9.10.06

Sidnei e Ricardo



Todos nós vivemos algumas fases importantes em nossa vida.

Quando nascemos (passamos a fazer parte
deste universo), apesar de não lembrarmos
de ter escolhido a família que nos deram,
desenvolvemos nossa forma de pensar e sentir.
Com o passar do tempo, entendemos
(em parte)o mundo em que vivemos,
o que somos e o que são os outros.

Quando a nossa essência cresce,
(torna-se “adulta”)nos esforçamos
por merecer um lugar ao sol.



Nessa busca, encontramos vários tipos de pessoas: as que nos estimulam e vibram com o nosso sucesso e aquelas que ainda não estão no mesmo ponto da nossa estrada.
Apesar de ser raro, ainda acontece de encontrarmos aquela pessoa... Sim!
Quando aprendemos e sentimos o Amor.
A pessoa se ajusta a nossa vida de uma forma quase perfeita, nos surpreende com sentimentos e emoções, contribuindo para o nosso equilíbrio.
É a pessoa que sabe dizer tudo, sem o uso de palavras.
Que nos conhece do avesso, e ainda assim nos compreende e aceita, apesar de alguns defeitos de fabricação(quem não os tem?).
Que sabe nos ouvir e não precisamos mentir para não decepcionar.
É o amigo nas horas difíceis e amante nos momentos de prazer.
Sério quando nos esquecemos da “lição de casa”, mas não nos põe de castigo.
É nosso cúmplice quando enfrentamos preconceitos e está sempre do nosso lado quando os outros agem de forma mesquinha e egoísta.
É o anjo que Deus nos deu para emprestar uma asa, sempre que a nossa precisar de manutenção.

Parabéns por essa nova fase em sua vida!

Que o amor de vocês seja uma constante e vocês possam ter muitas histórias para sonhar, viver, lembrar e, mais uma vez, sonhar...




Celebre o seu amor.
Você merece.
Sabe por que?
Porque, neste mundo, a
gente só vive uma vez,
por isso, merecemos
viver da melhor forma
que nos for possível.



Felicidades.


Maria José

Parábola: Partida e Chegada


Imagem: Sergio Delmonico

Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro,
impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.
O barco, impulsionado pela força dos ventos,
vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.

Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco
na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.

Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará:
"já se foi".
Terá sumido?
Evaporado?
Não, certamente.
Apenas o perdemos de vista.




Imagem: encontrada na net


O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade
que tinha quando estava próximo de nós.
Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.
O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver.

Mas ele continua o mesmo.
E talvez, no exato instante em que alguém diz:
"já se foi", haverá outras vozes, mais além, a afirmar:
"lá vem o veleiro" !!!
Assim é a morte.



Imagem: encontrada na net


Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro,
e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos:
"já se foi".
Terá sumido?
Evaporado?
Não, certamente.
Apenas o perdemos de vista.
O ser que amamos continua o mesmo,
suas conquistas persistem dentro do mistério divino.

Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita.
E é assim que, no mesmo instante em que dizemos:
"já se foi", no além, outro alguém dirá :
"já está chegando".
Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a vida
.


Imagem: encontrada na net


Na vida, cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos,
até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.

A vida é feita de partidas e chegadas.
De idas e vindas.
Assim, o que para uns parece ser a partida,
para outros é a chegada.

Assim, um dia, todos nós partimos como seres imortais
que somos todos nós ao encontro daquele que nos criou.

Henry Sobel, por ocasião da morte de Mário Covas.


Imagem: encontrada na net

6.10.06

Em memória...



Pai, que estais no céu
Olha por nós aqui neste lugar
Santo é o teu nome porque sois o criador
Venha a nós a tua paz, e alivia as nossas dores
Que a tua vontade seja feita, mas, dai-nos resignação
Para aceitar o que não está ao alcance da nossa "estreita razão"





O pão nosso de cada dia te pedimos, assim como a luz que nos conduz
Poerdoa-nos os pensamentos negativos e atos desumanos
Assim como nós aprendemos a perdoar aqueles que nos feriram
Livra-nos, o Pai, de todo mal que possa nos machucar
E envolve-nos com a Santissima Trindade, tanto aqui na terra
Como quando estivermos no céu.





Em sentimento aos familiares e luto pelas vítimas
do acidente com o Boeing 737-800 da Gol, ocorrido no dia 29 de setembro.



Maria José

Sapato Velho




Você lembra, lembra
Naquele tempo
Eu tinha estrelas nos olhos
Um jeito de herói
Era mais forte e veloz
Que qualquer mocinho de cowboy


Você lembra, lembra
Eu costumava andar
Bem mais de mil léguas
Pra poder buscar
Flores de maio azuis
E os seus cabelos enfeitar



Água da fonte
Cansei de beber
Pra não envelhecer
Como quisesse
Roubar da manhã
Um lindo por de sol


Hoje, não colho mais
As flores de maio
Nem sou mais veloz
Como os heróis
É talvez eu seja simplesmente
Como um sapato velho



Mas ainda sirvo
Se você quiser
Basta você me calçar
Que eu aqueço o frio
Dos seus pés
Composição: Mu - Claudio Nucci - Paulinho Tapajós


Imagens: encontradas na net.

5.10.06

Florbela Espanca

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"Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse a chorar isto que sinto!"






Por essa vida fora hás de adorar
Lindas mulheres, talvez; em ânsia louca,
Em infinito anseio hás de beijar
Estrelas d’oiro fulgindo em muita boca!

Hás de guardar em cofre perfumado
Cabelos d’oiro e risos de mulher,
Muito beijo d’amor apaixonado;
E não te lembrarás de mim sequer!.

Hás de tecer uns sonhos delicados…
Hão de por muitos olhos magoados,
Os teus olhos de luz andar imersos!

Mas nunca encontrarás p’ la vida fora,
Amor assim como este amor que chora
Neste beijo d’amor que são meus versos!

Imagem: Maurizio Moro

No amor, nem sempre são as faltas o que mais nos prejudica, mas sim a maneira como procedemos depois de as ter cometido. "Oví­dio"